Thursday, January 18, 2007

Frase da semana


"Eu quero chegar à loucura pela razão."

Rogério Skylab

cantor, compositor e poeta carioca

PS: pra quem quiser escutar outras pérolas, aqui vai o link:

http://www.youtube.com/watch?v=8jqAqb59N5E


Sunday, January 14, 2007

Sarko candidato, agora fudeu...

Este texto é uma versão revista da matéria que fiz para o JB e que será publicada nessa segunda, dia 15/01.

Uma mega-cerimônia, orçada em 3,5 milhões de euros, marcou, ontem, em Paris, a oficialização da candidatura do Ministro do Interior Nicolas Sarkozy, 52 anos, à presidência da França pelo seu partido, a conservadora UMP (União por um Movimento Popular).

Exibindo seus dons de orador, e escorado por telões que reproduziam sua imagem num centro de convenções lotado , Sarkozy fez um longo discurso, centrado em temas como “ordem”, “justiça” e “mérito”. Aos cerca de 80.000 militantes e simpatizantes que foram vê-lo, Sarkozy prometeu uma “França unida”.

Embalado pela frase “Juntos, tudo se torna possível”, seu slogan de campanha, o candidato se disse pronto para governar para todo o país, sem distinção de credo religioso ou ideologia. Uma resposta antecipada aos que o acusam de desprezar as comunidades islâmicas da França.

Sarkozy reafirmou, no entanto, algumas convicções que suscitaram polêmica ao longo de sua gestão. Ele condenou o uso da burca (espécie de véu usado por mulheres muçulmanas), classificada como “uma forma de submissão da mulher ao homem”, e propôs uma imigração seletiva, que permita a entrada na França apenas de estrangeiros que estejam dispostos a trabalhar e amar o país.

No plano internacional, o candidato mostrou-se contrário à entrada da Turquia na União Européia. A inclusão deste país - de governo laico, mas com população majoritariamente muçulmana - no bloco poderia colocar em xeque, segundo Sarkozy, a “unidade política do continente”. “Nem todos os países do mundo têm vocação para integrar a Europa.” afirmou ele.

Embora tenha dito ser um “europeu convicto” Sarkozy garantiu que não apoiará a proposta de um novo projeto de Constituição Européia. Para ele, o mais urgente seria fazer uma “mini-reforma institucional”.

Numa referência indireta à sua adversária, a socialista Ségolène Royal, que costuma ser criticada por não esclarecer sua posição sobre temas delicados, como direitos humanos, Sarkozy prometeu não compactuar com governos autoritários.

- O silêncio é cúmplice. Eu não quero ser cúmplice com nenhuma ditadura.

Em outro momento do discurso, Sarkozy classificou as propostas da candidata esquerdista como “arcaicas”. Ele citou como exemplo a intenção de Royal de manter a semana de 35 horas de trabalho, criadas durante o governo do ex-primeiro-ministro socialista Lionel Jospin (1997-2002).

- Eu quero um Estado em que os funcionários sejam menos numerosos, mas com salários maiores, e ganhando mais quando trabalharem mais.

O ministro do Interior fez uma defesa inflamada do direito à propriedade, que, segundo ele, é o “a recompensa merecida do esforço”. “Não há porque pedir desculpas por ter um patrimônio conquistado com trabalho”, afirmou ele. Sarkozy também propôs um teto para a taxação de grandes fortunas, que na França às vezes excede 50%.

Numa provocação aos socialistas, Sarkozy chegou a citar, em seu discurso, alguns ícones da esquerda francesa, como os escritores Émile Zola e Victor Hugo. Segundo ele, a estas figuras, assim como o filósofo Albert Camus, foram esquecidas pelos dirigentes socialistas.

A escolha do nome de Sarkozy, por 98,1% dos votos, pôs fim a uma longa disputa interna, travada com o primeiro-ministro Dominique de Villepin e a ministra da Defesa, Michèle Alliot-Marie, que abriu mão de sua candidatura no sábado.

Villepin, embora tenha estado presente ao congresso, ainda não deu nenhum sinal claro sobre a sua decisão de sair candidato. Devido à sua impopularidade entre o eleitorado francês, poucos acreditam que ele insista em apresentar seu nome.

Da mesma maneira, o presidente Jacques Chirac faz mistério em torno de sua decisão. Sua esposa, a primeira-dama Bernadette Chirac, disse recentemente que ele poderia tentar a reeleição. Mas caso o faça, teria que se apresentar fora da UMP, partido que ajudou a criar, em 2002.