Saturday, March 24, 2007

Tesouro português

Zeca Afonso é um desses artistas que, quando você descobre, se pergunta: "como pude passar tantos anos sem conhecê-lo!?". Venerado em Portugal, graças à sua participação decisiva na Revolução dos Cravos e no processo de redemocratização do país, ele é completamente ignorado pelos brasileiros. Sua obra se assemelha, de alguma maneira, à de outros trovadores, como Chico Buarque, Silvio Rodriguez, Victor Jara, León Gieco etc. É dele a canção "Grândola, Vila Morena", uma espécie de "hino" do movimento que pôs fim ao salazarismo, em 1975.
Zeca passou a maior parte de sua infância em Angola e Moçambique - ainda no período colonial -, onde morou com os avós. De volta a Portugal, começa a cantar em casas de fado. Mas sua veia política pulsa mais forte, levando-o a compôr músicas de protesto. Engajado no movimento anticolonialista, ele é duramente perseguido pela PIDE, a polícia política do Estado Novo, que o impede de seguir lecionando em uma escola pública.
Em 1964, Zeca larga a carreira de professor e produz seu primeiro disco, "Baladas e Canções". Daí até 1987, ano de sua morte, ele lança mais de 20 LPs: uma média de 1 por ano. Quando estive em Lisboa, no mês passado, comprei uma disco duplo, que faz um revival de sua obra. Estava vendendo como água. Uma prova de que a memória de Zeca Afonso continua muito viva entre os portugueses, 20 anos depois de sua desaparição.

Brasil à venda



Dos dois lados da Mancha, só dá Brasil... Estas fotos foram feitas no mesmo fim de semana, em Paris e em Londres. Campanha pesada pra atrair os turistas europeus, que já começam a fazer seus planos pro próximo verão. O approach é sempre o mesmo: apresentar o Brasil como uma terra acolhedora, que recebe bem os turistas e tal. Em todos os outdoors, há um grupo de estrangeiros (ingleses, franceses, alemães etc.), "les inconditionnels du Brésil". Atrás deles, um céu invariavelmente límpido, e um dos cartões postais de Pindorama, como as Cataratas e os recifes de Porto de Galinhas. Curioso, não?

A sabedoria do velho

A entrevista do futuro ministro Franklin Martins ao Folha Online nesse sábado é uma porrada educada no lobby feito pela imprensa brasileira contra o projeto do governo de criar uma rede pública de televisão.
Franklin, que trabalhou durante toda a sua carreira em TVs e jornais privados, defende a necessidade de se aperfeiçoar e expandir o debate político no Brasil. Segundo ele, a criação de um canal público - e não estatal - seria muito importante para atingir essa meta.
Há uma passagem da entrevista que resume com clareza a visão do "velho" sobre toda essa polêmica. "No Brasil, a gente se assusta com tudo que significa mudança, modernidade e novidade. Depois, descobre que é muito bom. Não sei por que o Brasil se assusta com a possibilidade de ter uma BBC."
A reação da imprensa e dos nossos "formadores de opinião" diante deste projeto foi intempestiva e emocional. E não poderia ser diferente. Basta olhar a maneira com que "O Globo" e outros periódicos defenderam a redução da maioridade penal, depois da bárbara morte do menino João Hélio.
Em vez de se tentar compreender quais são as verdadeiras inteções do governo com a criação da rede pública, os defeitos e as virtudes deste projeto, inicia-se, de cara, uma campanha agressiva, com o objetivo de desinformar a já desinformada sociedade brasileira.
Custa acreditar que Lula tenha nomeado um jornalista independente e obsessivo pela liberdade de imprensa como o Franklin Martins pra tocar um projeto de TV estatal à la Hugo Chávez. Caso quisesse implementar no Brasil algo parecido com o que se fez na Venezuela - uma penca crescente de canais oficiais -, Lula escolheria um petista "histórico", desses que parasitam seu governo desde o início do primeiro mandato...
Há quem pense que o Brasil não pode se dar o luxo de construir uma TV pública de qualidade, aos moldes da BBC ou da France Télévisions. Ora, para quem conseguiu criar uma TV Cultura - cujo padrão de qualidade é inconteste - este não é um sonho impossível. Resta saber se o lobby dos canais privados será suficientemente forte para fazer o governo abrir mão desta boa idéia.

Friday, March 23, 2007

Devaneios de um batráquio


Fonte: blog do Josias de Souza
Autor: Glauco

Thursday, March 22, 2007

Questo me piace...


Escutando a rádio de jazz do site do Le Monde, descobri uma banda italiana interessante. Chama-se Gnut. Eles fazem uma mistura de rock indie com jazz, e cantam em napolitano. Pelo visto, ainda são muito pouco conhecidos fora da Itália. Não consegui descobrir quantos discos eles já lançaram. Também não achei nenhuma música deles no EMule. A melhor maneira de escutar é indo no My Space, onde tem umas músicas e um vídeo da banda. Eles têm, também, um site oficial, que os apresenta como "la nouva frontiera musicale a Napoli". Tem umas músicas legais, como "Sei diventata fredda" e "In fondo". Vale a pena dar uma conferida...